terça-feira, 15 de setembro de 2009

Trouxe esta citação de Bachelard em função da proposta de cada um criar uma dança própria, um solo para a abertura do nosso trabalho no memorial a partir da idéia de liberdade que o trecho do hino da proclamação da república traz. Articulando a isso a noção de devaneio proposta por Bachelard em relação a forma poética.
O que é liberdade? o que é a liberdade de dançar na relação com aquele espaço? Que espaço interno há para deixar a liberade tomar conta de vc? Quais escolhas serão feitas? Cada escolha gera sensações, sentidos e significados. Por que meu movimento será rápido e não lento? alternará velocidade? será reto e não curvo? por que terei essa forma? qual o impulso interno que te leva a dança, a essa
dança?
Muitas questões, muitas danças... únicas danças únicas...só desse corpo nesse espaço

Um comentário:

  1. Os acrobatas
    Subamos!
    Subamos acima
    Subamos além, subamos
    Acima do além, subamos!
    Com a posse física dos braços
    Inelutavelmente galgaremos
    O grande mar de estrelas
    Através de milênios de luz.

    Subamos!
    Como dois atletas
    O rosto petrificado
    No pálido sorriso do esforço
    Subamos acima
    Com a posse física dos braços
    E os músculos desmesurados
    Na calma convulsa da ascensão.

    Oh, acima
    Mais longe que tudo
    Além, mais longe que acima do além!
    Como dois acrobatas
    Subamos, lentíssimos
    Lá onde o infinito
    De tão infinito
    Nem mais nome tem
    Subamos!

    Tensos
    Pela corda luminosa
    Que pende invisível
    E cujos nós são astros
    Queimando nas mãos
    Subamos à tona
    Do grande mar de estrelas
    Onde dorme a noite
    Subamos!

    Tu e eu, herméticos
    As nádegas duras
    Subamos!

    Tu e eu, herméticos
    As nádegas duras
    A carótida nodosa
    Na fibra do pescoço
    Os pés agudos em ponta.

    Como no espasmo.

    E quando
    Lá, acima
    Além, mais longe que acima do além
    Adiante do véu de Betelgeuse
    Depois do país de Altair
    Sobre o cérebro de Deus

    Num último impulso
    Libertados do espírito
    Despojados da carne
    Nós nos possuiremos.

    E morreremos
    Morreremos alto, imensamente
    IMENSAMENTE ALTO.

    (Vinícius de Moraes)

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